Por: Jamal Marzuq
Deitado ao chão;
Ouvindo o quebrar das ondas;
Sentindo a brisa fresca que entra pela porta;
Relaxado, distante, ouço o som de passos, estalados sobre o
assoalho de madeira,
Sutil, passos compassados, cadenciados, logo ouço uma
musica;
Batidas sonoras, envolventes, me embalam a seguir as batidas
com o balançar dos pés;
Abro os olhos e vejo a minha frente, bailando, rodopiando em
movimentos inimagináveis;
Ela, pura dança, ela, reluzente, em suas vestes leves, de
pele alva, um sorriso triplicado pelo prazer que sente;
Encara-me com seus olhos misteriosos, penetra minha alma, me
faz perder os sentidos e ficar ali, parado, abobado, aprovando seu modo de
dançar;
Olhando para cada detalhe de seu corpo, analisando a
perfeição, observando seus delicados pés, quando tocam ao chão;
Ali, parado, hipnotizado, apenas sou espectador, enquanto
ela desenvolve pelo assoalho sua pura coreografia de esplendor;
Já estou vencido, quando ao se aproximar me fixando o olhar,
deixa sobre meu inerte corpo um de seus pés repousar;
O toque é fatal, como de uma naja quando pica sua presa,
fico imobilizado, sentindo apenas seu toque;
Começa a percorrer meu corpo, vou sentido a maciez passeando
por cima do meu corpo, cada movimento seu sobre mim, me faz sentir ondas e mais
ondas de choque, entro em estado de nirvana, ela continua com seu pé passeando,
explorando toda extensão do meu corpo;
Logo chega ao meu rosto, me olhando nos olhos, repousa sobre
minha face seu instrumento de dança, de encanto, sobre meu rosto esta seu
delicado pé, o faz passear, sinto seu perfume, quando passa sobre meus lábios é
inevitável não deixar a boca se manifestar, um beijo, seguido de um leve abrir
de boca, logo seus dedos abrem meus lábios, como se estivessem brincando com
eles, é um convite, prendo entre os dentes seus delicados dedos, os beijo,
nessa hora o mundo já não faz mais sentido, apenas aquele momento, único, nesse
momento sou só seu, você é dona da situação, quando fito seus olhos vejo que
estão fechados, curtindo também o meu agrado;
Intensifico em minha boca já não há mais somente seu
delicado pé, vou subindo passeando meus lábios em suas pernas, explorando cada
centímetro delas, a bailarina fatal se rende, deixa seus joelhos se dobrarem,
suas vestes leves facilmente se abrem ao passar das minhas mãos, trago o abraço
mais apertado, colo seu corpo ao meu, logo sinto sua respiração ofegante a
minha frente, meus lábios sedentos vão de encontro aos seus, receptivos, um
novo bale acontece, desta vez sou coadjuvante, nossas línguas em perfeito
entrosamento bailam, os olhos cerrados, minhas mãos passeiam por toda extensão
do delicado, macio, perfumado e alvo corpo, simultaneamente os olhos se abrem,
se encaram, consigo ver através deles sua alma, sua essência, mais uma vez
estou perdidamente apaixonado, como se fosse à primeira vez, a trago de
encontro ao assoalho, repouso seu corpo sobre o meu, e abraçados peço para esse
sonho nunca terminar.