Samira nascida na Palestina em 1980 cresceu em meio aos costumes de seu povo (árabe), aos 11 anos aprendeu com tias e amigas a dançar, eram dias difíceis na Palestina, sempre sofria com os ataques e a pressão de Israel, ela não entendia porque eram dois povos tão distantes Árabes e Judeus, não entendia porque não podiam conviver lado a lado, ela conhecia um pouco da historia que já vinha desde os tempos Bíblicos, mas não admitia nos dias atuais os homens ainda levarem essa batalha por um pedaço de terra de forma tão desumana e sangrenta.
Com o passar dos anos Samira cresceu muito na dança do ventre e se tornou uma grande bailarina de seu País, se destacando internacionalmente, conquistou prêmios em outros países e tornou-se uma referencia devido sua técnica apurada, era um exemplo de profissional dedicada à arte da dança. Samira através da dança do ventre conheceu o mundo, outras culturas, lugares fantásticos, mas o lugar que ela desejava conhecer e ter contato com as pessoas era o País vizinho ao seu, Israel. Ela nunca entrou em Israel, o único contato que teve com seus moradores foi quando o exercito israelense invadia seu País, mas ela tinha desejo em poder de alguma forma mudar isso, decidiu que iria dançar em Israel, iria organizar um evento de dança do ventre no País vizinho, como ela já era conhecida no meio da dança, ela se encheu de coragem começou a ligar pra varias academias de dança que havia no País vizinho, pois queria realizar um show naquele País juntamente com as profissionais da dança de lá. Ela sabia que as bailarinas israelenses fazem questão de preservar os traços originais da dança oriental árabe e que muitas bailarinas vão até o Cairo (Egito) para fazer aulas com professoras egípcias ou em busca de especialização, quando ela ligou em uma academia a atendente não acreditou que a renomada e reconhecida bailarina internacional Samira estava ligando e pedindo pra organizar um evento em seu País, foi prontamente muito bem atendida e marcaram um dia para se encontrarem para tratar os detalhes, ao desligar o telefone Samira ficou irradiante pelo reconhecimento que tinha no País vizinho, não imaginava que sequer sabiam dela, mas pelo que ela pode perceber, lá eles sabiam muito sobre ela.
Foi marcado o dia de Samira ir a Israel, ela tinha um misto de medo e euforia dentro de si, afinal ela estava indo ao País que desde criança via seu próprio País ser atacado pelo País vizinho, teve muitos amigos e parentes mortos por Israel, agora ela estava entrando nesse País. Quando passou a fronteira sobre forte esquema de soldados armados, Samira foi levada ate um guichê onde tinha que receber o visto de liberação, quando se sentou em frente a uma mulher soldado que iria lhe preencher a ficha pra tal visto, ela sentiu um pouco de medo de ter sua entrada negada , mas quando a soldado levantou a cabeça pra lhe pedir os documentos, essa a olhou com os olhos irradiantes e deu um largo sorriso, dizendo que era um imenso prazer ter a mestra da dança do ventre ali com ela, rapidamente ela preencheu os formulários e carimbou-os com o visto de entrada, ainda chamou mais algumas amigas de farda para tirar fotos com Samira.
Samira ficou surpresa agradeceu a soldado e disse que estava indo a uma escola que iria realizar um evento de dança em Israel, a soldado pediu o endereço da escola para a qual Samira se dirigia e de prontidão chamou um taxi pedindo para que o mesmo a levasse ate lá, se despediu de Samira com um grande abraço, coisa incomum de se ver em um soldado, mas realmente a tal soldado tinha ficado maravilhada com a presença de Samira, notava-se que ela era muito fã do trabalho de Samira.
Aquilo foi um banho de esperanças, se um soldado mostrou tamanho afeto por ela, era sinal de que seu evento poderia dar certo. Chegando a escola de dança que fizera contato Samira foi recebida como uma heroína pelas alunas e a professora, fizeram um grande Buffet e algumas apresentações de dança em oferecimento a Samira, esta não conteve as lagrimas, e pensou com si mesma: - Este é um povo o qual sempre tive medo, às vezes raiva, que jamais achei que fosse ter uma conversa sequer, e esta me recebendo de forma tão carinhosa, tão amiga, isso mostra que o ser humano não é ruim, e sim o sistema que os faz serem assim.
Ela montou seu espetáculo, juntamente com as israelenses, fez muitas apresentações em Israel, e levou bailarinas de Israel pra se apresentarem em seu País e em muitos outros, montou uma escola de dança em Israel, Samira viu que a dança uniu dois povos que praticamente desde suas origens vem brigando, guerreando, lutando por território, e a dança avançou as fronteiras, a dança uniu árabes e judeus, com um só proposito, de dançar, de encantar a todos, de dar a si mesmas o prazer que só a dança do ventre traz. Contra o encanto da dança nem povos inimigos, nem a guerra, nem a morte pode ofusca-lo, o encanto da dança é sobre tudo e todos. Samira venceu sua guerra e conquistou o território inimigo usando a sua arma, usando a dança do ventre.
Esse conto faz parte do livro: Um dia, Uma noite, Dançando com você! De Jamal Marzuq, que em breve será lançado.
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